26 agosto, 2011

Negociação entre professores e governo termina em impasse

O governo deve atender as reivindicações dos professores das universidades públicas se quiser qualificar o ensino superior e evitar greve da categoria.  


Wanda Siqueira


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O impasse sobre a incidência do reajuste de 4% proposto pelo governo federal para os professores das universidades públicas e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Ebtt) impediu que as partes chegassem a um acordo, nesta quinta-feira, em reunião com representantes do Ministério do Planejamento. No entendimento do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) e do Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino (Proifes), a correção também incidiria sobre as gratificações que seriam incorporadas ao salário básico. O secretário de Recursos Humanos do ministério, Duvanier Paiva, anunciou que o aumento seria apenas sobre o vencimento básico. Sem acordo, governo e sindicatos voltam a se encontrar nesta sexta-feira.


Antes da participação de Duvanier, as duas entidades sindicais haviam sinalizado ser favoráveis à proposta, evitando uma greve da categoria. A presidente do Andes, Marina Barbosa Pinto, disse que os professores presentes em assembleias realizadas em todo o país foram “majoritariamente favoráveis à aceitação da proposta do governo”, com o entendimento de que o reajuste de 4% incidiria sobre toda a remuneração. “Não há dúvidas de que nas reuniões anteriores a RT estava incluída”, afirmou. “A proposta era ruim e ficou ainda pior”.


A leitura diferente do Ministério do Planejamento pode colocar em xeque a confiança nas negociações, opina o vice-presidente do Proifes, Eduardo Rolim. “Se minarmos a credibilidade, vamos comprometer a crença da categoria de que a proposta era boa”. Segundo a direção do Proifes, 78% dos 4.246 professores que participaram das consultas da entidade aceitaram a proposta, considerando a RT incluída no reajuste. 


Duvanier disse que “interpretações diferentes são normais” nessas negociações. Pressionado para solucionar o impasse ainda durante a reunião, ele propôs um novo encontro para a tarde desta sexta-feira. “Do ponto de vista do mérito, não sou contra os 4% sobre a gratificação. Mas essa é também uma questão orçamentária”, afirmou. O secretário garantiu que vai contatar as áreas responsáveis para tentar estabelecer um acordo.


O compromisso inclui discutir a reestruturação da carreira até o ano que vem. Enquanto os acordos não são firmados, aulas começam a ser suspensas. O vice- presidente do Andes, Luiz Henrique Schuch, informa que greves foram iniciadas em alguns dos campi de universidades federais do Mato Grosso, Paraná e Tocantins.


Em assembleia na última quarta-feira, professores ligados à Associação dos Docentes da UnB (ADUnB) posicionaram-se contra à proposta do governo e mantiveram  indicativo de greve sem data definida. A associação está integrada ao Andes. 

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