03 março, 2012

MEC deve exigir explicações da UFRGS por suspeita de turbinar desempenho de alunos no CV/2012 a exemplo do pedido de explicações feito à UNIP também por suspeita de turbinar notas de alunos no ENADE.

MEC deve  exigir explicações da UFRGS   por suspeita de  turbinar desempenho de alunos no CV/2012  a exemplo do pedido de explicações  feito  à UNIP também por  suspeita de turbinar notas de alunos no ENADE.

A autonomia das universidades não pode ser utilizada como passaporte para a prática  de  atos caracterizadores  de improbidade administrativa. A informação de que o  MEC concedeu  o prazo de 10 dias para  a UNIP  apresentar explicações sobre suspeita de turbinar notas de alunos no ENADE para selecionar os melhores,  com o objetivo de melhorar  o desempenho da instituição é moralizadora e nos anima a prosseguir na luta em defesa dos estudantes preteridos ilegalmente no CV/UFRGS/2012.

Resta  indagar  se o MEC  agirá da mesma forma para exigir explicações da UFRGS por suspeita de turbinar notas de vestibulandos com péssimo  desempenho  no Concurso Vestibular 2012 para ocuparem vagas nos cursos de maior concorrência, como Medicina , por exemplo.

A Ministra Eliana Calmon tem razão quando solicita que os bons Juízes a auxiliem na luta no combate a meia dúzia de "vagabundos". Da mesma forma os estudantes  gaúchos apelam  aos bons Juízes  para que coibam  atos ilegais de meia dúzia de agentes públicos das universidades suspeitos de turbinar  notas de alunos tanto no ENADE  quanto nos Concursos Vestibulares, causando   prejuízos aos estudantes e à sociedade .

Wanda Siqueira- advogada

Estadão.edu
SÃO PAULO - A Universidade Paulista (Unip) divulgou nota nesta sexta-feira sobre seu desempenho no Enade. Como o Estadão.Edu revelou hoje, o MEC enviou ofício ontem à Unip cobrando, no prazo de dez dias, explicações sobre indícios de irregularidades nas notas do exame, carro-chefe de uma agressiva campanha de marketing veiculada na imprensa e em outdoors. Quarta maior universidade do País, com 200 mil estudantes, a Unip é acusada de selecionar apenas os melhores alunos para fazer o Enade: quanto menor o número de inscritos no exame, melhor é o desempenho da instituição. Isso, pode colocar em xeque todo o sistema de avaliação do ensino superior.
Leia a íntegra da nota da Unip:
"A Unip tem se saído muito bem no Enade. O curso de Odontologia teve o resultado mais alto no Enade do País, o de Enfermagem ficou no 4° lugar no País, sendo o primeiro lugar no estado de São Paulo e todos os outros cursos de graduação tradicional tiveram resultados positivos. No Enade de 2009, os resultados dos cursos também foram excelentes.
Esses resultados decorrem das medidas que são continuamente tomadas pela Universidade para qualificar cada vez mais os seus cursos, independentemente das avaliações externas. Entre elas, podemos citar: atualização de ementas e programas, revisão de bibliografias, acompanhamento das avaliações, produção de material didático, investimento nos laboratórios e infraestrutura, utilização de novos recursos didáticos e, principalmente, capacitação de professores. Inclusão de aulas e mudanças de horários são medidas que acompanham a atualização de matrizes e ocorrem em diferentes cursos. O efeito dessas medidas é observado, também, no grande número de egressos aprovados em concursos e bem posicionados no mercado de trabalho".
MEC cobra Unip por suspeita de turbinar notas no Enade
Universidade é acusada de selecionar apenas os melhores alunos para fazer o exame.
Sergio Pompeu, Carlos Lordelo e Cedê Silva, do Estadão.edu
SÃO PAULO - O Ministério da Educação enviou ofício ontem (dia 1.º) à Universidade Paulista (Unip) cobrando, no prazo de dez dias, explicações sobre indícios de irregularidades nas notas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), carro-chefe de uma agressiva campanha de marketing veiculada na imprensa e em outdoors. Quarta maior universidade do País, com 200 mil estudantes, a Unip é acusada de selecionar apenas os melhores alunos para fazer o Enade: quanto menor o número de inscritos no exame, melhor é o desempenho da instituição. Com isso, pode colocar em xeque todo o sistema de avaliação do ensino superior.
Segundo relatório enviado ao presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Luiz Cláudio Costa, e repassado ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a universidade “esconde” seus alunos com notas mais baixas, para que não façam o Enade. Três professores e um ex-funcionário da Unip confirmaram ao Estadão.edu que existe uma orientação nesse sentido.
Estudantes de desempenho médio para baixo ficam com notas em aberto na época da inscrição para o Enade. Em 2010, estavam aptos a fazer o exame alunos do último ano que tivessem completado pelo menos 80% da carga horária do curso até o dia 2 de agosto. Com as notas em aberto, os piores não completam 80% da carga horária e só os melhores da classe fazem o exame. No curso de Odontologia de Campinas, por exemplo, só cinco alunos prestaram o Enade 2010. Tiveram nota média de 4,79 em 5 possíveis. O curso passou a ser considerado o melhor do Brasil, superando universidades estaduais e federais.
Depois do período de inscrição para o Enade, os alunos de médio/baixo desempenho recebem a nota que faltava. Segundo os professores ouvidos pelo Estado, isso geralmente acontece após a entrega de um trabalho de pesquisa ou alguma tarefa individual. Ocorre, então, um fenômeno curioso: alunos que não prestaram o Enade (a maioria da turma) se formam com os colegas que fizeram o exame.
“Uma coisa é você dar prêmio, pen drive para quem vai bem no Enade. Esconder o aluno e devolvê-lo à turma depois do exame é fraude”, diz um ex-dirigente do MEC que pediu anonimato.
Procurada pela reportagem, a Unip afirmou em nota que os resultados no Enade "decorrem das medidas que são continuamente tomadas pela universidade para qualificar cada vez mais os seus cursos". Entre essas medidas a Unip cita a atualização de programas, revisão de bibliografias, acompanhamento das avaliações, produção de material didático, investimento nos laboratórios e infraestrutura, utilização de novos recursos didáticos e capacitação de professores.
O Estadão.edu teve acesso à variação da nota média de faculdades e universidades de todo o País nos Enades de 2007 a 2010 em cinco cursos da saúde. No curso de Nutrição, por exemplo, a nota da Unip subiu 207% do Enade de 2007 para o de 2010, muito acima da melhora na média nacional, de 25%. Mas o número de inscritos da Unip no Enade despencou 79,5%, de 283 para 58.
Em Enfermagem, a melhora das notas foi de 3,7% na média nacional e de 107,94% na Unip. Em Farmácia, a nota média nacional subiu 34,2%; a da Unip subiu 149,6%. Em Fisioterapia, houve queda no desempenho médio no País, de -13,4%. O da Unip, porém, melhorou bem: 54,7%.
Em Odontologia, também houve queda na nota do conjunto das faculdades e universidades, de -2,67%. Novamente a Unip destoou das demais: sua nota subiu 49,5%.
Em 2007, a Unip tinha quatro cursos com nota 4 e 5 no Enade. Em 2010, esse total saltou para 69.
“Os números mostram que eles estão selecionando os alunos que prestam o Enade para melhorar a nota”, diz o dirigente de uma concorrente da Unip. Segundo ele, a melhora exponencial do desempenho da universidade no Enade já levanta suspeitas no mercado há meses. “A questão é que eles subiram muito em apenas três anos, que é um período muito curto para você reformular um curso. Ou teve seleção de alunos ou a Unip merece indicar o próximo ministro da Educação, porque o resultado deles é totalmente fora da curva.”
Um exemplo de resultado fora da curva: em 2007 a melhor unidade de Enfermagem da Unip no Enade ficou na 150.ª posição. Três anos depois, passou a liderar o ranking do setor.
A mesma coisa acontece com os outros cursos da Saúde. Em Nutrição, a Unip não teve em 2007 nenhuma unidade entre as notas top, ou seja, não figurou entre os 20% de melhor desempenho. Em 2010, 16 dos 17 cursos de Nutrição da Unip ficaram no grupo de ponta.
O relatório enviado a Mercadante, feito por um especialista do ensino superior, faz uma comparação entre o número de alunos que entra na faculdade ou universidade (ingressantes) e o de inscritos no Enade. Mostra que a Unip caminha na contramão do sistema, no qual a taxa de participação no exame tem aumentado.
Em 2007, 13.358 estudantes entraram no 1.º ano em cursos superiores de Nutrição no País. Naquele ano, as faculdades e universidades inscreveram no Enade 6.631 alunos (49,6% do total de ingressantes). Em sete unidades da Unip no Estado de São Paulo, essa relação porcentual era ainda mais alta, de 53,4%.
Em 2010, mais alunos de Nutrição passaram a fazer o Enade. Em nível nacional, a relação entre alunos do 1º e do último ano cresceu para 53,4%. Nas unidades paulistas da Unip, ocorreu o inverso. O índice caiu para 10,8%.

Nenhum comentário: